Prof. Rogério Carriconde
Criação dos Estados de Israel e Palestina – 1947
Em 1947, a Assembléia Geral da ONU decidiu dividir a Palestina em dois Estados independentes: um judeu e outro palestino. Mas tanto os palestinos como os Estados árabes (Liga árabe) vizinhos recusaram-se a acatar a partilha proposta pela ONU.
Independência de Israel – 1948
1948 – Primeira Guerra Árabe-Israelense – Guerra de independência.
Em 14 de maio de 1948, foi proclamado o Estado de Israel, imediatamente atacado pelo Egito, Arábia Saudita, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano (1ª Guerra Árabe-Israelense). Os árabes foram derrotados e Israel passou a controlar 75% do território palestino. A partir daí, iniciou-se o êxodo dos palestinos para os países vizinhos. Atualmente, esses refugiados somam cerca de 3 milhões.
Os 25% restantes da Palestina, correspondentes à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, ficaram sob ocupação respectivamente do Egito e da Jordânia. Note-se que a Cisjordânia incluía a parte oriental de Jerusalém, onde fica a Cidade Velha, de grande importância histórica e religiosa.
1956 – A crise do Canal de Suez
Sete anos depois, em 1956, o Oriente Médio seria palco de uma nova guerra. Dessa vez, pela posse do Canal de Suez.
O Egito era governado por Gamal Abdel Nasser, um político carismático e nacionalista. Ele fazia parte de um grupo de militares que derrubou a monarquia egípcia em 1952, instituindo um governo favorável a unificação de todos os árabes numa única grande nação. Nasser nacionalizou o Canal, desafiando abertamente britânicos e franceses. Além disso, proibiu o tráfego de navios israelenses, estreitando o fornecimento de petróleo ao Estado judeu Em resposta, Israel, França e Grã-Bretanha organizaram uma ação militar conjunta contra Nasser. O chefe de Estado egípcio teria sido derrotado não fosse a intervenção americana e soviética no conflito. Os soviéticos queriam evitar que o Egito fosse novamente controlado pelos europeus aliados dos Estados Unidos. E Washington não estava disposto a brigar com Moscou pelo Canal de Suez. A saída foi um acordo: franceses e britânicos teriam de aceitar a nacionalização do Suez. E os egípcios, em compensação, teriam de garantir a todos o direito de utilizar o Canal.
A Guerra do Suez é um exemplo de que não eram os interesses nacionais que determinavam o curso dos acontecimentos, e sim a lógica da Guerra Fria. No caso do Egito, prevaleceu o jogo de equilíbrio entre Washington e Moscou.
1964 – OLP - Criação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cuja pretensão inicial era destruir Israel e criar um Estado Árabe Palestino. Utilizando táticas terroristas e sofrendo pesadas retaliações israelenses, a OLP não alcançou seu objetivo e, com o decorrer do tempo, passou a admitir implicitamente a existência de Israel.
1967 – Guerra dos Seis Dias.
O cenário geopolítico do Oriente Médio seria novamente modificado em junho de 67, de forma dramática, com a Guerra dos Seis Dias. Os israelenses, com o auxílio logístico dos Estados Unidos, atacaram de surpresa o Egito, a Síria e a Jordânia, que preparavam uma ofensiva conjunta contra Israel. Em algumas horas, praticamente toda a aviação dos países árabes foi destruída ainda no solo, antes mesmo de ser utilizada. Com total domínio aéreo, em seis dias as forças armadas de Israel saíram amplamente vitoriosas.
Como resultado da Guerra dos Seis Dias, Israel anexou a península do Sinai e a Faixa de Gaza - que pertenciam ao Egito -, a Cisjordânia - inclusive a parte oriental de Jerusalém, que, desde 1948, estava de posse da Jordânia - e as Colinas do Golã, que eram parte integrante da Síria. Com esse desfecho militar, o clima de tensão aumentou em toda a região. A Al-Fatah e outros grupos radicais intensificaram os ataques contra alvos israelenses.
1970 – “Setembro Negro” - Desejando pôr fim às retaliações israelenses contra a Jordânia, de onde provinha a quase totalidade das incursões palestinas contra Israel, o rei Hussein ordena que suas tropas ataquem os refugiados palestinos. Centenas deles são massacrados e a maioria dos sobreviventes se transfere para o Líbano.
1973 – Guerra do Yom Kippur (“Dia do Perdão”) - Aproveitando o feriado religioso judaico, Egito e Síria atacam Israel; são porém derrotados e os israelenses conservam em seu poder os territórios ocupados em 1967. Para pressionar os países ocidentais, no sentido de diminuir seu apoio a Israel, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) provoca uma forte elevação nos preços do petróleo.
1972 - Massacre de Munique - O massacre de Munique teve lugar durante os Jogos Olímpicos de Verão de Munique em 1972, quando, a 5 de Setembro, 11 membros da equipe olímpica israelita foram tomados de refém pelo grupo terrorista palestino Setembro Negro. O governo alemão, liderado por Willy Brandt, recusou o envio de uma equipe militar israelita de operações especiais, uma proposta do governo israelita de Golda Meir. Como se viria depois a constatar, as forças policiais alemãs estavam muito mal preparadas e a situação fugiu inteiramente do seu controle. Uma tentativa falha de libertação dos reféns levou à morte de todos os atletas, cinco terroristas e um agente da polícia.
Três terroristas sobreviveram ao ataque e foram encarcerados. O governo alemão ficou altamente embaraçado pelo fracasso e a demonstração de incompetência da sua polícia.
1977 – Pela primeira vez, desde a fundação de Israel, uma coalizão conservadora (o Bloco Likud) obtém maioria parla mentar. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, inicia o assentamento de colonos judeus nos territórios ocupados em 1967.
1979 – Acordo de Camp David. O Egito é o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de Israel. Este, em contrapartida, devolve a Península do Sinai ao Egito (cláusula cumprida somente em 1982). Em 1981, militares egípcios contrários à paz com Israel assassinam o presidente Anwar Sadat.
1982 – Israel invade o Líbano (então em plena guerra civil entre cristãos e muçulmanos) e consegue expulsar a OLP do território libanês. Os israelenses chegam a ocupar Beirute, capital do Líbano. Ocorrem massacres de refugiados palestinos pelas milícias cristãs libanesas, com a conivência dos israelenses.
1987 – Intifada - Começa em Gaza (e se estende à Cisjordânia) a Intifada (“Revolta Popular”) dos palestinos contra a ocupação israelense. Basicamente, a Intifada consiste em manisfestações diárias da população civil, que arremessa pedras contra os soldados israelenses. Estes frequentemente revidam a bala, provocando mortes e prejudicando a imagem de Israel junto à opinião internacional. Resoluções da ONU a favor dos palestinos são sistematicamente ignoradas pelo governo israelense ou vetadas pelos Estados Unidos. A Intifada termina em 1992.
1993 – Acordos de Oslo: Arafat e o premier Yitzhak Rabin concordam sobre um cronograma para a retirada israelense de Cisjordânia e Faixa de Gaza.
1994 – Arafat retorna à Palestina, depois de 27 anos de exílio, como chefe da Autoridade Nacional Palestina (eleições realizadas em 1996) e se instala em Jericó. Sua jurisdição abrange algumas localidades da Cisjordânia e a Faixa de Gaza – embora nesta última 4 000 colonos judeus permaneçam sob administração e proteção militar israelenses. O mesmo ocorre com os assentamentos na Cisjordânia. Na cidade de Hebron (120 000 habitantes palestinos), por exemplo, 600 colonos vivem com o apoio de tropas de Israel. Nesse mesmo ano, a Jordânia é o segundo país árabe a assinar um tratado de paz com os israelenses.
1995 – Acordo entre Israel e a OLP para conceder autonomia (mas não soberania) a toda a Palestina, em prazo ainda indeterminado. Em 4 de novembro, Rabin é assassinado por um extremista judeu.
1999 – Ehud Barak, do Partido Trabalhista (ao qual também pertencia Yitzhak Rabin), é eleito primeiro-ministro e retoma as negociações com Arafat, mas sem que se produzam resultados práticos.
2000 – Israel retira-se da “zona de segurança” no sul do Líbano. Enfraquecido politicamente, devido à falta de progresso no camiho da paz, e também devido às ações terroristas palestinas (não obstante as represálias israelenses), Barak renuncia ao cargo de primeiro-ministro. São convocadas novas eleições, nas quais ele se reapresenta como candidato. Mas o vencedor é o general da reserva Ariel Sharon, do Partido Likud, implacável inimigo dos palestinos. Pouco antes das eleições, começa nos territórios ocupados uma nova Intifada.
2001 – Agrava-se o ciclo de violência: manifestações contra a ocupação israelense, atentados suicidas palestinos e graves retaliações israelenses. Nesse contexto, Yasser Arafat, já septuagenário, parece incapaz de manter a autoridade sobre seus compatriotas ou de restabelecer algum tipo de diálogo com Israel, cujo governo por sua vez mantém uma inflexível posição de força.
2003 – Mapa da paz – plano de paz elaborado pelo chamado "Quarteto" -- EUA, Rússia, União Européia e ONU, que previa, sobretudo, a criação de um Estado Palestino até 2005 e pede que assentamentos judeus em áreas palestinas sejam suspensos.
2009 – Forte retaliação israelense contra a Faixa de Gaza – centenas de pessoas são mortas. Israel acusa o Hamas, que domina Gaza, de incentivar ataques ao território israelense.