quarta-feira, 16 de junho de 2010

TEMA 8

UFRGS/1996

O ser humano é capaz de experienciar uma grande variedade de estados emocionais. Assim, podemos estar tristes, ou ansiosos, ou eufóricos, etc. Muitas vezes, não sabemos por que estamos nos sentindo desta ou daquela maneira. Há ocasiões, inclusive, em que não sabemos sequer definir o que sentimos. As emoções são, por natureza, muito complexas.
O sentimento de solidão é um claro exemplo da complexidade das emoções humanas. Em primeiro lugar, defini-lo não é tão simples como pode parecer à primeira vista. Solidão não significa ausência de companhia. Podemos nos sentir solitários mesmo estando cercados de pessoas; por outro lado, muitas vezes, sozinhos, não sentimos solidão. Outro aspecto controverso desse sentimento diz respeito ao seu valor para o indivíduo. Será que a solidão é sempre prejudicial, ou ela pode trazer também benefícios?
Sua dissertação tratará deste tema – a solidão. Procure caracterizar esse sentimento e identifique um episódio ou um momento na sua vida em que você tenha se sentido solitário. Discuta as possíveis causas e conseqüências dessa experiência, buscando avaliar o papel que ela exerceu na formação de sua personalidade.
Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida em um texto argumentativo e organizado dissertativamente.

TEMA 7

UFRGS/1996

Ficar irritado é um comportamento bastante comum no ser humano. É difícil definir com precisão esse estado de espírito, mas é fácil identificá-lo. Todos nós já passamos por situações em que ficamos irritados. Na vida atribulada das grandes cidades, com todos os seus compromissos e contratempos, a irritação já faz parte do dia-a-dia de muitas pessoas.
Várias são as circunstâncias que podem levar um indivíduo a ficar irritado: o trânsito congestionado, uma fila que não anda, uma música barulhenta, uma gripe persistente, etc. Cada pessoa reage diferentemente a essas situações, sendo que, muitas vezes, o que é irritante para alguns pode ser agradável para outros.
Pois bem: sua dissertação versará sobre esse tema – a irritação. Para desenvolvê-la, identifique uma ou mais situações em que você tenha ficado realmente irritado. Discuta os motivos da sua irritação, as atitudes mais comuns que as pessoas tomam quando estão irritadas e as maneiras mais adequadas de enfrentar situações que provocam irritação. Desde já, fique claro que não estará em julgamento o fato em si, mas sim o texto que você produzirá para discutir o assunto.
Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida em um texto argumentativo e organizado dissertativamente.

TEMA 6

UFGRS/2006

Você tem de escrever um texto de caráter dissertativo abordando o tema:
Basta ter TALENTO para conquistar um lugar no mundo?
Na dissertação, analise o tema proposto, delimite um ponto de vista e escolha argumentos que o subsidiem. As informações que seguem têm o intuito de auxiliá-lo na contextualização do assunto.
A palavra TALENTO, em seu primeiro sentido, designou uma moeda e uma medida de peso da era greco-romana. Depois, passou a significar inteligência excepcional, aptidão natural, noção que fundamentou a parábola do Evangelho de Mateus, segundo a qual um senhor distribuiu entre seus três servos talentos proporcionais à capacidade de cada um para que eles os fizessem render frutos.
Hoje, escolas se dizem fábricas de talentos, agências de publicidade divulgam seus talentos, gestores de empresas bem-sucedidas creditam seu sucesso aos talentos da sua equipe de trabalho. Talentos em todos os lugares...
Daiane dos Santos, campeã de ginástica, é exemplo bem contemporâneo de talento.
Historicamente, conquistar um espaço no mundo tem sido aspiração do homem. Goethe, precursor do movimento romântico, resumiu sua trajetória da seguinte forma: “Para ser o que sou hoje, fui vários homens [...]. Tudo o que sei custou as dores das experiências”; e Kennedy manifestou muito mais do que eloqüência ao proferir que o limite do homem é o limite de seus sonhos.
Descobrir os próprios talentos implica a busca pelo autoconhecimento e também pressupõe a interação do indivíduo com a realidade e com seu grupo social. Isso nos leva a pensar no ser humano como um eterno discípulo da vida.
Mesmo que suas conquistas e idéias estejam associadas a coisas simples, elas envolvem dedicação e empenho. Construa esta redação usando o seu TALENTO!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

TEMA 5

UFRGS/2003


Nesta prova você deverá fazer uma redação de caráter dissertativo sobre o seguinte tema: pode o amor servir de justificativa para qualquer atitude tomada em nome dele?
Para redigi-la, reflita sobre a questão proposta, estabeleça seu ponto de vista e apresente argumentos que o sustentem. Para auxiliá-lo na compreensão do assunto, seguem algumas considerações.
O amor se manifesta de diversas maneiras na vida das pessoas. Há o sentimento que temos por nossos pais, filhos irmãos e amigos. Há o amor afeição e desejo que une os casais, como também o amor paixão, aquele que, às vezes, leva alguns a esquecerem-se de si mesmos, e outros a cometerem até desatinos. Existe também o amor que dedicamos à pátria e a outras causas que consideramos nobres.
O amor faz parte da vida e revela diferentes expectativas do ser humano. À luz de sua crença, Gandhi profere: “Dai-me um povo que acredita no amor e vereis a felicidade sobre a Terra”. Camões consagra o tema com os versos: “Amor é fogo que arde sem se ver / É ferida que dói e não se sente / É um contentamento descontente / É dor que desatina sem doer”. Lupicínio afirma: “Há pessoas com nervos de aço / Sem sangue nas veias / E sem coração / Mas não sei se passando o que eu passo / Talvez não lhes venha qualquer reação”. Geraldo Vandré grita seu amor à pátria assim: “Nas escolas, nas ruas, campos, construções [...] / Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Caminhando e cantando e seguindo a canção [...]”.
O modo como entendemos o amor e as atitudes que tomamos em nome dele tendem a variar de acordo com o tempo, com a cultura e até mesmo com os valores de cada um. Os relacionamentos que no tempo de nossos avós significavam compromisso atualmente podem se traduzir por “ficar”. A dedicação às causas, significativa em vários momentos da história, hoje pode se manifestar diferentemente do passado. Parece estar mudando até a forma de interpretar os laços sentimentais entre cônjuges, amigos, irmãos, pais e filhos, laços que, por vezes, são relegados a um segundo plano em razão de interesses pessoais.

O Imaginário Europeu e a América

Prof. Paulo Ricardo Muniz

Os Portugueses que tinham achado o Brasil e os outros europeus que voltavam das Américas, regressavam com toda a espécie de narrativas exóticas, novidades científicas, plantas, animais e até seres humanos, para serem expostos à curiosidade daquele Velho Mundo.
A América descoberta, encontrada por Colombo, em meio a “mares nunca dantes navegados”, incorporou-se ao imaginário europeu com um leque de atributos que já havia sido destinado a ela numa época em que nem descoberta tinha sido.
Os incontáveis círculos eruditos dos geógrafos e dos cartógrafos, respondendo às várias ideologias religiosas e científicas, vinham ao longo dos últimos séculos se questionando e se informando sobre o que existiria “além mar”: riqueza ou devastidão, fortuna ou desespero, humanos ou demônios. Seria o fim do mundo ou um outro mundo ?
Através de variadas narrativas de viajantes como o italiano Marco Pólo e o português Fernão Mendes Pinto, o Oriente havia seduzido a imaginação daquelas sociedades em rápida transformação porém, para a quase totalidade das pessoas, os mares eram vistos como lugares de acesso temerário, habitados por monstros e fustigados pelas tormentas.
A primeira imagem concreta da América que surgiu aos olhos do europeu foi revelada por Colombo e ele a chamou de “Índias”. De fato, Colombo pensou ter chegado às Índias. Em conseqüência, tudo o que seria descoberto e encontrado nestas terras seria nomeado e carimbado como “indiano”.
A Igreja e a aristocracia enxergavam na idéia de América uma fonte nova de poder e riqueza. Por razões estratégicas - que envolviam até técnicas de contra-informação, como a divulgação de mapas geográficos propositalmente falseados - as Coroas só permitiam a uns poucos e leais servidores o acesso aos bem guardados segredos da nova geografia.
Com o regresso das caravelas e as tripulações recheadas de novidades, as Américas passaram a serem descritas ora como longínquos infernos hostis, de climas insalubres, habitados por criaturas inumanas, canibais e bestas demoníacas, gente que parecia ter sido esquecida por Deus; ora como paraísos férteis, povoados de selvagens nus e gentis, pacíficos e felizes, que pelo contrário teriam sido protegidos em seu estado divinamente “puro”.
Se a fé de Colombo alimenta sua imaginação e o conduz a leituras de absoluta conformidade e harmoniosa sintonia com a espiritualidade cristã, seus entendimentos com os membros da Igreja obrigam-no também a conduzir suas narrativas nesta mesma direção. Assim sendo, Colombo vê mais com a fé do que com os olhos e reafirma a perigosa - já que deturpada e corrompida - prática de sobrepor o sonho à realidade e a crença à ciência. E, quando se vê confrontado a expressões da natureza que escapam aos modelos já conhecidos, fica desarmado e, segundo suas próprias palavras, obrigado a admitir sua incapacidade de explicar.
Logo nos primeiros relatos dos viajantes, o Novo Mundo despertou paixões inflamadas. A partir do início do século XVI os testemunhos passaram a separar verdades de fantasias, inspirando numerosas publicações repletas de relatos e imagens, o que contribuiu para uma visão mais apurada das, assim denominadas, Américas.
O Brasil, a Terra Brasilis, é representado com florestas frondosas, frutos e águas abundantes, indígenas de pele escura, pássaros multicoloridos, estranhos e bizarros animais.
Fabrica-se então uma América farta, opulenta e colorida, moldada na riqueza e na exuberância do já conhecido Oriente, mas também uma América imaginária, despudorada e sedutora. Os europeus se encantam, cedem aos charmes exóticos, deliciam-se com especiarias e sonhos, luxos e fortunas.
Foi então, no século XVI, que começaram a surgir na literatura e nas artes as primeiras figuras de ameríndios. Do ponto de vista dos conquistadores e seus aliados religiosos, tratava-se de povos que precisavam ser catequizados, integrados aos valores do Cristianismo universal, único caminho para poderem salvar suas almas e viver como crentes, uma tarefa gigantesca que agora se impunha aos evangelizadores.
Pinturas e gravuras da época, agora documentadas pelos relatos, revelam paraísos, uma natureza farta de frutas e animais e um esplendor de cores e sentidos colocados à disposição dos homens pelo Criador. Já na construção imaginativa oposta descrevia-se o índio selvagem, primitivo, bárbaro, nu, canibal, pagão, ignorante, inserido num ambiente inumano, atormentado por um “calor infernal”, às voltas com as suas florestas intransitáveis, seus animais ferozes, suas doenças letais. Enfim, uma visão terrena antecipada do que seria o inferno, tudo isso criado por Deus para “castigar” os selvagens pagãos.

A Ciência e o Imaginário
O imaginário europeu, nutrido agora com dados científicos, relatados em cartas náuticas e experiências descritas em relatos de viagens, abre-se para as Américas, enriquecido pelas idéias do Renascimento. Imensa quantidade de gravuras e desenhos revela um outro ser humano, bem diferente do europeu: índios em contato direto com a natureza pródiga, de corpos saudáveis e bem torneados, bem alimentados de carnes e frutas, adornados com jóias e plumas. Uma concepção distante do imaginário anterior dos homens primitivos, deslocando-se em bandos miseráveis, vestidos com peles de animais, acocorados em volta do fogo, em paisagens áridas, sofrendo uma vida de pobreza e perigos, apenas sobrevivendo tristemente. Era a visão de um mundo onde não existia prazer, nem alegria, nem conforto.
Quanta diferença da indolência sensual e contagiante dos índios, com sua fartura e diversidade de alimentos, a beleza dos corpos, os risos e as brincadeiras de seus passatempos! Espantaram-se os descobridores com a variedade e diversidade dos povos na América, ricos e particulares, suas línguas, culturas e costumes.
Muitos povos eram pobres, mas alguns possuíam riquezas fartas, ostentavam artefatos luxuosos e acumulavam tesouros de ouro e pedras preciosas. A mais completa ausência de tecnologias “modernas”, tais como ferro, arado ou pólvora não impedia um estilo de vida gerador de riquezas capazes de despertar sanguinárias ganâncias nos sonhos dos conquistadores que varreram as Américas do México ao Peru.
Nas mentes européias, a descoberta de sociedades humanas pagãs e primitivas, vivendo em aparentes paraísos, teve um impacto surpreendente. Na Europa cristã, a esperança de uma pessoa ser aceita no paraíso, anteriormente estava indissoluvelmente associada aos cristãos tementes a Deus e merecedores da escolha divina. Não podemos esquecer que se vivia na Europa Ocidental da Inquisição. O conceito de ser primitivo implicaria obrigatoriamente uma vida miserável. As revelações do Novo Mundo chocavam-se e desmentiam as concepções religiosas e as tradições filosóficas medievais.
Do século XVI ao XVIII se consolidará esse imaginário do poder, junto às descrições apelativas de Eldorados e de terras paradisíacas, ficções, ensaios, teatro, poesia, polêmicas, debates em torno da monarquia e liberdade, da cidadania, ou seja, da subjetividade moderna nascente. Shakespeare, Montaigne, Ronsard, Rabelais, Rousseau, Diderot, Voltaire, La Fayette alimentaram, cada um à sua maneira, o imaginário europeu sobre a América.
Surgiram mais tarde também teses de tipo romântico, que defendiam o contrário da visão tradicional: todo o homem primitivo seria bom, apenas se tornando mau quando corrompido pela sociedade. Era a “teoria do bom selvagem” imortalizada por um filósofo, nascido em Genebra, Jean Jacques Rousseau (1712-1778).
Porém, não era possível dissociar a idéia do índio primitivo das suas práticas de canibalismo, o que estava presente em muitos relatos de viajantes. As opiniões sobre o tema divergiam: tratava-se de canibalismo ritual ou de antropofagismo alimentar?
Na prática, o canibalismo representou uma ruptura radical entre os indígenas e os conquistadores. A ingestão de pedaços de carne humana aparecia no imaginário europeu ora como forma de vingança dos inimigos vencidos, ora como prática ritual para adquirir as características das pessoas sacrificadas, mas sempre como um traço cultural abominável.

Fonte: http://www.raulmendesilva.pro.br/pintura/pag002.shtml

Poemas de Álvaro de Campos - Fernando Pessoa


Profª. Geórgia Barberena
ÁLVARO DE CAMPOS: (HETERÔNIMO DE FERNANDO PESSOA)
* nasceu em 1890, teve uma educação mediana; vai para a Escócia estudar Engenharia;
* alto, encurvado, moreno, usa monóculo;
* estruturação de sua obra:
a) Primeira Fase:
influência simbolista (sonoridade das palavras, imagens fantásticas, climas nebulosos);
metrificação e rima;
insatisfação e amargura;
b) Segunda Fase:
ritmo febril, nervoso;
versos longos/em prosa;
ausência de rimas;
SENSACIONISMO;
EUFORIA DA MODERNIDADE;
se liberta do decadentismo simbolista e se lança na “novidade futurista”;
assimila a inovação formal modernista e exalta o progresso, a modernização, a velocidade;
c) Terceira Fase:
talvez o segmento mais elaborado de sua produção poética;
manifesta um espírito de indignação quanto à sua postura no mundo e a sociedade em geral;
amargura, desilusão sobre a existência;
MELANCOLIA DA MODERNIDADE;
POEMAS SELECIONADOS PELA UFRGS:
1. Mestre, meu mestre querido!
2. Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra
3. Grandes são os desertos, e tudo é deserto
4. Lisboa com suas casas
5. Todas as Cartas de Amor são TERCEIRA FASE
6. Lisbon Revisited (1923)
7. Tabacaria
8. Aniversário
9. Poema em linha reta
10. Ode Triunfal – SEGUNDA FASE

Poema em linha reta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que, quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todo o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.